Nos 12 meses que antecederam fevereiro de 2022, as buscas pelo termo ESG praticamente triplicaram, com um crescimento de 150%, no comparativo com os 12 meses anteriores, segundo o levantamento conduzido pelo Google Trends. Inclusive, o Brasil foi a nação latino-americana que mais pesquisou a sigla recentemente, e está em meio aos 25 países que, no mesmo período, mais buscaram a temática.
No âmbito corporativo, já se fala em ESG há bastante tempo, mas o assunto, ultimamente, deixou de ser uma mera tendência para se tornar uma realidade no contexto empresarial. Nesse sentido, a governança ESG começou a ganhar cada vez mais espaço.
Resumidamente, consiste na implementação de boas práticas que norteiam as organizações ao efetivo atendimento a determinadas políticas. Entre elas, a elaboração de códigos de conduta, a execução de ações anticorrupção e etc.
Nas próximas linhas, aprenda o que é governança ESG em mais detalhes, sua importância, como é possível implementá-la e, até mesmo, a relação que existe entre as práticas ESG e a governança corporativa, entre outros pontos. Boa leitura!
O que é governança ESG?
Em uma definição simples, a governança ESG pode ser entendida como a adoção de processos de gestão corporativa e de princípios que asseguram às empresas a observância de normas e leis vigentes durante a execução das suas atividades. Nesse contexto, é imperativo compreender do que se trata cada uma das letras que formam esse acrônimo.
A sigla, com origem nos termos em inglês Environmental (ambiental), Social e Governance (governança), também é referida no Brasil como ASG. Ela remete a:
Environmental ou ambiental
Envolve iniciativas direcionadas ao meio ambiente, abarcando diversos temas. São exemplos poluição da água e do ar, biodiversidade, aquecimento global, gerenciamento de resíduos, desmatamento, emissão de gases poluentes, entre outros.
Social
Está relacionado tanto à responsabilidade social das instituições quanto aos impactos que elas provocam em prol da sociedade. Isso abrange, majoritariamente, temáticas relativas ao respeito à diversidade de gênero, às leis trabalhistas, aos direitos humanos, à segurança no trabalho e na proteção de dados e da privacidade, aos investimentos de cunho social e à relação estabelecida com a comunidade local.
Governance ou governança
Está estreitamente associado aos processos, às políticas, às estratégias e às orientações administrativas, envolvendo alguns assuntos, como práticas anticorrupção, realização de auditorias externas e internas, conduta corporativa, transparência de dados e etc. É válido pontuar que existe uma íntima ligação aos dois termos anteriores, já que estamos falando de quem determina, orienta, fiscaliza e reporta as ações (sustentáveis ou não).
Qual é a sua importância?
Pode-se dizer que ESG é a sustentabilidade empresarial, propriamente dita. Nesse sentido, sua grande importância de governança reside no fato de que os empreendimentos que estão em conformidade com as boas práticas ambientais, sociais e de gestão conseguem compreender quais são os reflexos — positivos e negativos — que eles geram na sociedade.
Esse fato viabiliza que ações sejam implementadas para geri-los. Afinal, é imperativo que os impactos negativos sejam minimizados e que os positivos sejam potencializados, enquanto, simultaneamente, os prejuízos que já foram provocados sejam equacionados. No entanto, a sua relevância vai além.
De acordo com uma pesquisa conduzida pelo GNDI – Global Network of Director Institutes, 85% do total de conselheiros consultados — cujo número quase chegava a 2.000 — afirmam acreditar que, a longo prazo, haverá um enfoque ainda maior em questões relativas à sustentabilidade, à ESG e à geração de valor para os stakeholders.
Ainda nesse contexto, em 2017, a consultoria The Boston Consulting Group apontou que as companhias que apresentam um desempenho superior nas áreas sociais, ambientais e de governança serão mais valorizadas perante as empresas que não têm a mesma preocupação.
Como implementá-la?
É fundamental ressaltar que existem alguns aspectos práticos que devem ser observados para a implementação da governança ESG em uma empresa, como:
- constituição de um conselho de administração independente;
- adoção de uma transparência maior na relação com os stakeholders;
- realização de investimentos no treinamento das lideranças;
- implementação de um sistema de compliance que auxilie na manutenção da saúde financeira e fiscal da companhia, além de evidenciar o combate à corrupção.
Aproveitando o último aspecto mencionado, é interessante apontar como a tecnologia pode se mostrar uma grande aliada na governança. Essa área, em geral, tem três funções básicas, formando um ciclo: avaliação, direcionamento e monitoramento.
A última é provavelmente a mais complexa, visto que o grande fluxo de informações em empresas de grande porte demanda um tratamento mais ágil. Isso somente é possível com o uso de soluções digitais.
Além disso, ainda tratando a implementação da governança ESG em um negócio, outro ponto-chave é se certificar de que os parceiros da organização tenham um olhar igualmente voltado às questões envolvidas. Afinal, quando é firmada uma parceria, a contratada se torna uma espécie de extensão da contratante.
Logo, é imperativo avaliar o modus operandi da empresa e os princípios observados por ela, evitando quaisquer prejuízos para o seu empreendimento.
Por fim, é necessário destacar a relação que existe entre as práticas ESG e a governança corporativa, já que ela se revela um fio condutor que atravessa todas as relações e as operações de um negócio visando o cumprimento do seu planejamento estratégico. Além disso, trata da redução dos impactos negativos e da potencialização dos resultados positivos. Ou seja, ela é a base de todas as iniciativas, projetos e práticas ESG.
Dessa forma, cabe a ela — dentro do contexto de governança ESG — garantir a transparência nos processos organizacionais. Isso, de maneira que também auxilie no aumento da confiabilidade de todos os envolvidos, como investidores, clientes, colaboradores, fornecedores e etc.
A governança ESG serve como um guia para direcionar a empresa para implementar as melhores práticas no que se refere ao contexto social e ao meio ambiente, à viabilização e à execução de um gerenciamento organizacional mais preciso. Para tanto, ela se fundamenta em três pilares essenciais: o da sustentabilidade, o social e o de gerenciamento corporativo.
A leitura foi produtiva? Então, que tal conferir também nosso ebook com as principais tendências de ESG?